terça-feira, 30 de outubro de 2012

Parece que trouxeram a guerra para casa*

"First Blood" (1982) de Ted Kotcheff

"Eye of the Tiger" (1986) de Richard C. Sarafian

[Dos magníficos filmes que vi de Sarafian, todos falam de "heróis marginais", sejam eles "almas móveis" ("Vanishing Point"), messiânicos sobreviventes da mais infame das traiçoes humanas ("Man in the Wilderness") ou homens brancos de coração índio que vivem "fora de lei" para alimentar o que resta dele ("The Man Who Loved Cat Dancing"). Como enquadrar um filme de vingança, tough and rough, que reedita o primeiro Rambo e o tema icónico do terceiro Rocky como que piscando o olho ao mais fácil dos públicos? A história do herói, quanto a mim demasiado macho man para um Sarafian, parece justificar o por quê da fuga permanente em que vivem os verdadeiros heróis do seu cinema, uma vez que "voltar a casa", ou auto-iludir-se com a ideia de que haverá uma..., pode significar viver ou reviver a mais implacável situação de guerra. Se calhar, como Stallone em "First Blood", o protagonista de "Eye of the Tiger" deveria ter partido para o mato ou continuar a ser "just a drifter", sem pouso fixo..."We Can't Go Home Again", disse Nicholas Ray. Penso que Sarafian assinaria por baixo.]

*- Flashback.

sábado, 27 de outubro de 2012

O CINEdrio fora do CINEdrio: agradecimentos (II)

Como aconteceu no seu número I, fui convidado pelo João Palhares para escrever um artigo para a muito bela e significativa revista de cinema Cinergia. O tema era blockbusters, pelo que escolhi analisar - com um misto de solenidade e algum espírito de provocação - o magnífico "M:I-2" de John Woo, a melhor "missão impossível" das quatro realizadas até hoje. Encontrarão excelentes textos nas páginas do número II desta Cinergia, uma revista que se tem afirmado cada vez mais como uma das principais publicações online sobre cinema.



***


Quero ainda agradecer ao Miguel Reis e a toda a equipa por trás dos TCN Blog Awards a nomeação que me coube para o prémio de Melhor Blogue Individual. Só os meus leitores poderão fazer do CINEdrio vencedor, por isso, votem!

Também fico contente por ver o À pala de Walsh minimamente representado no painel de nomeados, em concreto, para os prémios de Melhor Entrevista e Melhor Blogue Colectivo.

A minha disponibilidade tem sido pouco ou nenhuma, razão pela qual não formalizei a minha candidatura a nenhum destes prémios - o que, se calhar, ainda me deixa mais positivamente surpreendido. A quem o fez por mim, transmito o meu reconhecimento.

O CINEdrio fora do CINEdrio: agradecimentos (I)

Nunca é tarde demais para agradecer, isto é, mesmo que venha tarde, o agradecimento não deve perder força - se calhar, pelo contrário! Posto isto, venho dizer obrigado ao Francisco Rocha pelo desafio muito estimulante que me colocou de escolher 5 filmes que, sendo referências na minha formação cinéfila, não constavam do extensíssimo e riquíssimo catálogo de obras que compõem o blogue-cinemateca My One Thousand Movies.

As minhas 5 escolhas muito pessoais - e, confesso, orgulho-me de cada uma delas - foram:

1. "Enoch Arden" (1911) de D.W. Griffith


2. "Menschen am Sonntag"/"People on Sunday" (1930) de Curt & Robert Siodmak, Edgar G. Ulmer e Fred Zinnemann


3. "Little Fugitive" (1953) de Ray Ashley, Morris Engel & Ruth Orkin






Para ferir o homem "inaprisionável", faça-se mal ao seu alter ego vulnerável

"Lock Up" (1989) de John Flynn

"The Shawshank Redemption" (1994) de Frank Darabont

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

O militante 'não chegar a horas' é ontológico em Ford*


John Ford, "The Searchers" (1956)

O herói que chega sempre atrasado à acção - elemento tipicamente fordiano.

João Mário Grilo, nota tirada da aula-apresentação que antecedeu a projecção de "She Wore a Yellow Ribbon" (1949) de John Ford, no âmbito das lições sobre a História do Cinema: Cinegeografias que tiveram lugar na Cinemateca Portuguesa no passado mês de Setembro

That is how it goes with cinema. Cinema is never on time.

Serge Daney, «The Militant Etnography of Thomas Harlan», publicado em Junho de 1979

Ninguém mais retoma a cantilena de uma filiação unilinear pintura-foto-cinema (...) [ou de um] "pré-cinema", essa noção confusa que descobria procedimentos "cinematográficos" na tapeçaria de Bayeux, quando não em Homero ou Shakespeare. É menos fácil, em compensação, reduzir, por exemplo, esse sentimento de "différance" (Comolli), de uma lentidão ou atraso da invenção do cinema (...).

Jacques Aumont, O Olho Interminável (1989), São Paulo, Cosac Naify, 2004, p. 47


*- Ou a antítese fordiana do "directo" televisivo. 

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Ciclo Quando o Cinema Filma Livros (já na próxima quarta e quinta)


Não perca esta magnífica maratona de cinema e livros, ou melhor, de livros no cinema. Ciclo "Tarefas Infinitas: Quando o Cinema Filma Livros", exibições durante todo o dia a 17 (quarta) e 18 (quinta) de Outubro no Auditório I da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas - Universidade Nova de Lisboa. A entrada é livre.

Confirme a sua presença e consulte todas as informações sobre as sessões aqui.

ERRATA: o filme de João Mário Grilo está erradamente intitulado "A nossa casa" no cartaz do ciclo. O título correcto é "A vossa casa". 

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Fazer da terra mar (e da Natureza provação do humano)

"Man in the Wilderness" (1971) de Richard C. Sarafian

"Fitzcarraldo" (1982) de Werner Herzog

[A descoberta desta obra-prima deixa-me sem fala. O filme de Sarafian, ignorado há demasiado tempo, é uma viagem espiritual feita ao arrepio do controlo, da conquista e usurpação da terra, aquela que o protagonista não está absolutamente certo que foi criada por um Deus de fabrico humano. Eis uma obra panteísta de imagens arrebatadoras, feitas numa escala completamente estranha a todo o cinema de Hollywood da altura; espécie de Ford "interior", no qual o espaço comunica com o íntimo e não tanto o íntimo com o espaço, ou a semente dessa "árvore que é uma árvore" (roubando aqui uma imagem de Vidor) chamada Terrence Malick. Procure e emoldure mais imagens deste filme, uma mais incrível que a outra, nomeadamente a partir de aqui. Quanto ao senhor Herzog, precisava de comer muita papa de aveia para chegar aos calcanhares deste Sarafian...]

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